quinta-feira, 29 de agosto de 2013


Sméagol: o tênue limite entre o bem e o mal


Nós somos providos dos mais diversos sentimentos e eles podem ser bons ou maus. Sméagol, personagem de J. R. R. Tolkien é a personificação de nossos lados perverso e bondoso. Vivendo em um interminável conflito, esta criatura tem muito a nos ensinar.
Creio que a maioria já conheça J. R. R. Tolkien e suas obras O Senhor dos Anéis e O Hobbit, ambas com adaptação no cinema. Eu sou uma grande admiradora da(s) história(s) por estar(em) repleta(s) de significados e aprendizados. O autor é certeiro em muitos pontos e ao apreciar seus feitos a reflexão ocorre inevitavelmente.  E o personagem que mais causa este efeito em mim é Sméagol.
Em uma breve descrição para aqueles que não o conhecem, Sméagol é uma pequena criatura descendente da raça dos hobbits e também é chamado de Gollum, pelo fato de ele emitir grunhidos parecidos com esta palavra. Em uma pescaria com seu primo Déagol algo que iria mudar drasticamente sua vida aconteceu: o anel de Sauron, o Senhor das Trevas (o antagonista da obra), foi encontrado. Sméagol se encantou de maneira instantânea pelo anel e foi capaz de matar o próprio primo para ter a posse do objeto. O anel causava um fascínio tão grande no jovem Sméagol que sua vida se voltou exclusivamente à ele. Gollum passou a morar em um local sombrio e seu corpo mudou totalmente, se tornando uma criatura grosseira e disforme.
No decorrer da história, Sméagol se encontra com Bilbo Bolseiro, que pega o anel que caiu de sua roupa em um momento de descuido e a saga de Gollum para ter o anel de volta para si começa. O “precioso”, como ele o chama, tem vontade própria e deseja retornar ao seu verdadeiro dono, Sauron, se utilizando assim de quem se apropria dele. Ao mudar de mãos, o anel não precisa mais de Sméagol, que é “descartado”. Porém, Gollum não considera este fato, ele é obcecado pelo anel e o quer a todo custo. É a partir daí que Sméagol pode ser melhor analisado.
smeagol_5Gollum é uma criatura solitária e triste. O encantamento pelo anel foi a causa de sua destruição, de sua miséria e isso faz dele um ser digno de pena. Bilbo, ao se apossar do anel e descobrir que um dos seus poderes era deixa-lo invisível, teve a oportunidade de observar Sméagol e viu nele a fraqueza e a angústia pela perda do anel. Bilbo teve a chance de mata-lo naquele momento, mas teve piedade; reconheceu o sofrimento e a solidão da pobre criatura e lhe poupou a vida.
Um dos diálogos que mais gosto na obra é o que ocorre entre Gandalf e Frodo nas ruínas de Moria sobre esse episódio de Bilbo (a transcrição aqui feita é referente ao filme, já que foi o meio pelo qual a história foi mais vista):
Frodo: Tem alguma coisa lá embaixo.

Gandalf: É o Gollum. (…) Está nos seguindo há três dias. (…) Ele odeia e ama o anel assim como odeia e ama a si mesmo. Nunca se libertará de sua necessidade do anel.

Frodo: É uma pena que Bilbo não tenha se livrado dele quando teve a chance.

Gandalf: Pena? Foi a pena que segurou a mão de Bilbo. Muitos que vivem merecem morrer e alguns que morrem merecem viver. Pode resolver essa situação, Frodo? Não seja tão apressado em julgar os outros. Nem os mais sábios conseguem ver o quadro todo. Meu coração me diz que Gollum ainda tem um papel a cumprir para o bem e para o mal antes do final da história. A piedade de Bilbo pode governar o destino de muitos.
E, a partir deste trecho, chego ao ponto principal da minha reflexão, que é a dualidade presente em Sméagol: o bem e o mal. Confesso que, a princípio, vi Gollum como um mero bipolar, como alguém que mudava de humor repentinamente. Entretanto, como era de se esperar, percebi o engano que cometi: Smeágol não era um personagem bipolar, Smeágol é a leal representação do ser humano e das inquietudes causadas pela dicotomia entre o bem e o mal.
“É o bem contra o mal, e você, de que lado está?”, este questionamento é de Renato Russo na música 1965 Duas Tribos) e a minha resposta é: depende. Em uma analogia “geográfica” podemos conceber o bem e o mal como o Sul e o Norte do planeta, onde o Equador é o marco limitante entre ambos. Não há muitos vivendo na linha do Equador; o que há, na verdade, são muitos que transitam de um lado para o outro, do Norte para o Sul e vice-versa, se estabelecendo em alguns momentos de suas vidas em um dos hemisférios. Ou seja, o equilíbrio entre o bem e o mal não é facilmente alcançado e estamos constantemente trafegando de um polo a outro, nos fixando a um deles em determinadas situações. Ninguém é bom ou mal integralmente, temos ambos dentro de nós e Sméagol é a personificação desta concepção.
Gollum tem uma característica pessoal que demonstra bem a dualidade: ora ele fala no plural, ora ele fala como se estivesse conversando com outra pessoa. Quando ele fala no plural está se referindo a ele e ao anel, quando fala com outra pessoa está tendo uma conversa, de fato, entre suas duas personalidades, seus lados bom e mau. Neste último caso é visível que o personagem vive em eterno conflito consigo mesmo, o que é bastante familiar para nós, meros mortais, não é verdade? O trecho abaixo, também entre os meus favoritos, mostra claramente esta particularidade de Sméagol:

Às vezes eu me sinto como o Sméagol, lutando internamente contra os dois polos de mim mesma. Eu me pego com pensamentos maldosos, o que me causa estranheza e muita tristeza, e logo me advirto. Por mais alheia que a pessoa seja à maldade, esta está presente dentro dela. Quando alguém nos causa dano, como no caso de Sméagol, que se sentiu lesado pela perda do anel, aparece em nós um sentimento de revolta, de vingança. Mesmo que não queiramos causar mal físico ou psicológico ao outro, o “simples” desejar o mal a ele, mesmo que de forma inconsciente, já configura este lado perverso que todos possuímos.
Através do vídeo acima colocado vemos que Gollum tenta se livrar de seu lado mau. Ele tenta expulsá-lo de si e, por um momento, acredita que conseguiu tal proeza. A alegria que ele sente ao desarraigar, naquela ocasião, o mau de seu corpo é, no mínimo, comovente. Percebe-se o esforço que ele faz para ser alguém diferente do que ele é, alguém menos dependente do que lhe traz padecimento, o anel. Sméagol sabe que o seu precioso lhe faz mal e que seu desejo insaciável por ele é a razão de sua desprezível vida. Somos assim também, não? Temos nossas ambições, nossas ganâncias, sabemos que elas são ruins e tentamos, na maioria vezes sem êxito, excluí-las de nossas existências.
Mas, de onde vem o bem e o mal? O mais provável é que venha do discernimento que temos do que é certo e do que é errado, sendo o bem ligado ao primeiro e o mal ao segundo. Isto não quer dizer que algo tido como certo ou justo pela sociedade vá necessariamente corresponder às minhas expectativas do que considero como bom. São conceitos relativos, mas com um consenso moral. Enfim…
Na história de Sméagol não há apenas a predominância de seu lado mau. Frodo, que no início lamentou o fato de seu tio Bilbo não tê-lo matado, passou a enxerga-lo com compaixão, pois viu nele um ser confuso e perdido que possuía um lado bom escondido. Afinal, Sméagol já tinha passado por todo o pesar que o anel proporciona a quem o tem. Frodo finalmente compreendeu, mesmo que de modo limitado, a dicotomia de Gollum.
Gollum-Ring-mount-doom


Sméagol foi vencido, infelizmente, pela sua ganância pelo precioso. A fixação pelo anel o levou até a última consequência: a morte. Eu acho confortante, embora muito trágico, o fato de Gollum ter morrido na companhia do anel. No fim das contas, o anel era a única motivação de sua existência, não havia “reabilitação” para ele. Este era o seu inevitável desfecho.
Ficamos então com o entendimento de que todos estamos sujeitos a sermos tomados pelo nosso lado malévolo, mas que dentro de nós mesmos se encontra o controle para diminuir sua ação: devemos resisti-lo, já que não é possível nos livrarmos totalmente. O mau existe, faz parte de nosso ser e cabe a nós decidirmos o que fazer com ele. É uma escolha particular.

Texto disponível no site:http://alimenteocerebro.com/smeagol-tenue-limite/


sábado, 24 de março de 2012


Gêneros textuais

Gêneros textuais são tipos específicos de textos de qualquer natureza, literários ou não. Modalidades discursivas constituem as estruturas e as funções sociais (narrativas, dissertativas, argumentativas, procedimentais e exortativas), utilizadas como formas de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser considerados exemplos de gêneros textuais: anúncios, convites, atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comédias, contos de fadas, convênios, crônicas, editoriais, ementas, ensaios, entrevistas, circulares, contratos, decretos, discursos políticos, histórias, instruções de uso, letras de música, leis, mensagens, notícias.
Os diversos Gêneros textuais expostos a seguir abordam sobre o  problema da corrupção no Brasil:

Gênero textual - Música

A música composta por Ana Carolina e Tom Zé, sintetiza os diversos problemas sofridos pelo povo  brasileiro como consequência e reflexo da corrupção: Baixa renda, injustiça e exclusão.



Brasil Corrupção

Neste Brasil corrupção
pontapé bundão
puto saco de mau cheiro
do Acre ao Rio de Janeiro
Neste país de manda-chuvas
cheio de mãos e luvas
tem sempre alguém se dando bem
de São Paulo a Belém
Pego meu violão de guerra
pra responder essa sujeira
E como começo de caminho
quero a unimultiplicidade
onde cada homem é sozinho
a casa da humanidade
Não tenho nada na cabeça
a não ser o céu
não tenho nada por sapato
a não ser o passo
Neste país de pouca renda
senhoras costurando
pela injustiça vão rezando
da Bahia ao Espírito Santo
Brasília tem suas estradas
mas eu navego é noutras águas
E como começo de caminho
quero a unimultiplicidade
onde cada homem é sozinho
a casa da humanidade
Gênero Textual - Video
O video a seguir é um complemento do gênero textual música.




Gênero Textual - Charge

A charge de Fernando Bastos, escritor e artista plástico, mostra que apesar de ser aprovada a lei da ficha limpa que valerá para as eleições de 2012, não se deve esquecer o “passado” dos políticos.
 A lei poderá inibir a corrupção, mas os políticos estão sempre mudando a modalidade do roubo. De desvio do dinheiro público para paraísos fiscais a dinheiro na meia e na cueca, o povo brasileiro não pode esquecer esses crimes, pois quem paga a conta da corrupção somos nós. Esse dinheiro que nos roubam deveria ser alocado para a saúde, educação e melhor qualidade de vida. Não podemos continuar aceitando passivamente tudo isso. Devemos transformar a indignação em atitude: Fiscalizando; denunciando; criando projetos de leis, pois os cidadãos também podem fazê-lo. Exigindo sempre os direitos e exercendo nossa cidadania.







 


A charge de Cícero aborda outro grande problema do país: O enriquecimento dos políticos através da lavagem do dinheiro público. Segundo o jornal G1, o procurador-geral da República determinou o arquivamento dos pedidos de investigação de partidos de oposição com relação às denúncias feitas ao ex-ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Não dá para entender porque denúncias tão graves como estas não chegam nem a ser investigadas, só aumentando ainda mais a indignação do povo brasileiro e reafirmando a certeza da impunidade.








Essa charge reproduz fielmente a atual situação do Brasil, precisa-se ter a percepção que esses problemas só ocorrem por um motivo: A certeza da impunidade fortalecendo o estado generalizado de corrupção que atinge também os três poderes.
É necessário ter a consciência de que maior poder esta nas mãos do povo.







 




Gênero Textual - Reportagem

A reportagem a seguir enfatiza o quão absurdamente a corrupção atinge o país, causando uma redução do seu PIB.
Os dados dessa reportagem são apenas estatísticos e não retratam fielmente a realidade, pois corrupto não passa nota fiscal o que vemos é apenas a ponta do iceberg trazendo para o povo brasileiro consequências avassaladoras. Os piores marginais do Brasil são os políticos corruptos, pois seus crimes se refletem em todos os cidadãos, o que se percebe é a falta de solução para estes crimes que só aumentam cada vez mais diante do absurdo que é a falta de punição, sendo um total desrespeito à democracia e ao povo.







O Custo da corrupção no Brasil



Reportagem de Otávio Cabral e Laura Diniz na mais recente edição da VEJA revela o custo da corrupção no Brasil: R$ 82 bilhões por ano — ou 2,3% do PIB.
Trechos:
(...) Nos últimos dez anos, segundo estimativas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), foram desviados dos cofres brasileiros R$ 720 bilhões. No mesmo período, a Controladoria-Geral da União fez auditorias em 15.000 contratos da União com estados, municípios e ONGs, tendo encontrado irregularidades em 80% deles.
Nesses contratos, a CGU flagrou desvios de R$ 7 bilhões - ou seja, a cada R$ 100 roubados, apenas R$ l é descoberto. Desses R$ 7 bilhões, o governo conseguiu recuperar pouco mais de R$ 500 milhões, o que equivale a 7 centavos revistos para cada R$ 100 reais roubados. Uma pedra de gelo na ponta de um iceberg.
Com o dinheiro que escoa a cada ano para a corrupção, que corresponde a 2,3% de todas as riquezas produzidas no país, seria possível erradicar a miséria, elevar a renda per capita em R$ 443 reais e reduzir a taxa de juros.
(…) As principais causas da corrupção são velhas conhecidas: instituições frágeis, hipertrofia do estado, burocracia e impunidade. O governo federal emprega 90.000 pessoas em cargos de confiança. Nos Estados Unidos, há 9.051. Na Grã-Bretanha, cerca de 300. “Isso faz com que os servidores trabalhem para partidos, e não para o povo, prejudicando severamente a eficiência do estado”, diz Cláudio Weber Abramo, diretor da Transparência Brasil.
(...) Há no Brasil 120 milhões de pessoas vivendo exclusivamente de vencimentos recebidos da União, estados ou municípios. A legislação tributária mais injusta e confusa do mundo é o fertilizante que faz brotar uma rede de corruptos em órgãos como a Receita Federal e o INSS. A impunidade reina nos crimes contra a administração pública.
Uma análise de processos por corrupção feita pela CGU mostrou que a probabilidade de um funcionário corrupto ser condenado é de menos de 5%. A possibilidade de cumprir pena de prisão é quase zero. A máquina burocrática cresce mais do que o PIB, asfixiando a livre-iniciativa.
A corrupção se disfarça de desperdício e se reproduz nos labirintos da burocracia e nas insondáveis trilhas da selva tributária brasileira.

Disponível em: Site:http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/materia-de-capa-o-custo-da-corrupcao-no-brasil-r-82-bilhoes-por-ano/



Gênero Textual - Poema



 
O fragmento a seguir é um trecho do poema escrito por Eduardo Alves da Costa, que nos traz uma reflexão da atual situação brasileira: injustiça, desrespeito, concentração de renda, corrupção e diante de tudo isto, a absurda  imparcialidade das pessoas. É preciso ter consciência que só através de nossas atitudes é que podemos mudar essa situação, pois não somos marionetes, não podemos olhar tudo com tanta indiferença, é o nosso país e a nossa dignidade que nos roubam descaradamente, já não se escondem mais, pois têm a certeza da impunidade.
Ainda podemos dizer e fazer algo o que precisamos é vontade e uma maior percepção da nossa capacidade!


No caminho com Maiakóvski
"[...]

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

    [...]"


Disponível em: 









Eu gosto de catar o mínimo e o escondido. Onde ninguém mete o nariz, aí entra o meu, com a curiosidade estreita e aguda que descobre o encoberto".
Machado de Assis


O dualismo da natureza humana



O conto, A igreja do Diabo, que integra o  livro Histórias sem Data, é baseado no conceito maniqueísta, que o bem e o mal são características intrínsecas de todo ser humano, Machado de Assis aborda de maneira irônica as formas que o misticismo e o sincretismo colocam essas questões, tratando-as como algo extremamente opostas. Trazendo a reflexão sobre o dualismo que há no ser humano através da figura de Deus e do Diabo. Mostrando a hipocrisia religiosa com seus costumes e práticas que tentam tornar o homem um ser puro.

Segundo o conto certo dia o Diabo teve a ideia de fundar sua própria Igreja, depois de comunicar sua vontade a Deus, em tom de provocação, citando os atos imorais que os adeptos da igreja praticavam às escondidas e referindo-se a fragilidade dos seguidores diz que:” as capas de seda tinham franjas de algodão’, ou seja, desprende-se facilmente, então começa assim a pôr em prática o seu plano.


 Pregava ele que os  seguidores da sua igreja  tinham que obedecer uma única norma: Não impor limites aos seus maus intentos. Tudo que era proibido na Igreja de Deus, podia  ser praticado sem inibições pelos adeptos da nova igreja. O diabo  tinha como argumento para ganhar seus fiéis e contradizer a Deus, a afirmação de que  todo homem é um ser totalmente propenso para o mal, também na tentativa de convencê-los dizia ser bom e tudo  que tinham dito a seu respeito não passavam de calúnias.
Com este argumento ganhara muitos adeptos, seu plano parecia dar certo, porém com passar do tempo começa a decair, ele observa que seus seguidores  praticavam atos de bondade às escondidas, fazendo  o oposto do que faziam na igreja tradicional , ou seja, dizendo-se bons praticavam atos imorais; como maus, praticavam bons atos. O Diabo ficou confuso, sem ao menos conseguir fazer uma analogia e sem entender o que acontecia procura Deus, que antes mesmo que ele dissesse algo o interroga: Que tu queres  pobre diabo? É a eterna contradição humana.
Através do conto pode-se fazer uma flexão a respeito da ambiguidade que há no ser humano, na sua propensão para fazer o bem e o mal. Faz-se necessário que cada um conheça sua essência para decidir conscientemente o que escolher e o que precisa ser melhorado, pois hipocrisia não muda nada; nem a essência nem a vida o que realmente  torna as pessoas melhores são seus atos, apesar de que seres perfeitos  nunca serão.
 Precisa-se olhar o mundo de forma mais clara e objetiva para compreender qual a responsabilidade que cada um tem consigo mesmo e com a sociedade.
Este conto é uma ótima leitura para todos aqueles que queiram refletir sobre si mesmo,  seus atos e também compreender melhor o papel das religiões existentes e a capacidade de manipulação de seus fiéis.


Autor: Machado de Assis
Livro: Histórias sem Data
Disponível em::  http://virtualbooks.terra.com.br/freebook/port/download/A_Igreja_do_Diabo.pdf 
                                 
              
    


                                             

sexta-feira, 23 de março de 2012



Sobreviver foi a escolha dos meninos excluídos

“Eram na verdade os donos da cidade,  os que a conheciam totalmente, os que totalmente a amavam, os seus poetas."  Jorge  Amado.









   
Sinopse: Os "Capitães da Areia" - Pedro Bala, Professor, Gato, Sem-Pernas, Boa Vida e Dora são personagens que Jorge Amado um dia criou para habitarem eternamente na memória de seus leitores. Abandonados por suas famílias, eles são obrigados a lutar para sobreviver pelas ruas de Salvador. Mais atual do que nunca, a história destes personagens imortais da literatura mundial nos emociona e inspira de forma profunda.




                                                      Ficha Técnica:
 Diretor: Cecília Amado e Guy Gonçalves
Elenco: Jean Luis Souza de Amorim, Ana Graciela Conceição da Silva, Romário Santos de Assis, Israel Vinícius Gouvêa de Souza, Elielson Santos da Conceição e Paulo Raimundo Abade Silva
Produção: BernardoGarcia Stroppiana e Cecília Amado
Roteiro: Hilton Lacerda e Cecília Amado
Fotografia: Guy Gonçalves, ABC
Trilha Sonora: Carlinhos Brown
Ano: 2011
País: Brasil
Gênero:Drama
Cor: Colorido
 Distribuidora: Imagem Filmes
 Estúdio: Imagem Filmes


             



O filme traz uma história cheia de aventuras que encanta e comove, com personagens marcantes e seus conflitos.  Essa história passa-se em Salvador e mostra a vida dos chamados capitães da areia: Crianças abandonas que dormem num trapiche e praticam furtos para sobreviver.

Alguns dos seus personagens principais são: Pedro Bala, adolescente de personalidade marcante que é uma espécie de líder do grupo, resolvendo os conflitos vividos por eles e tomando as decisões; O Professor, um jovem com dom artístico que faz maravilhosas pinturas e gosta de ler; Dora, a única menina do grupo que passou a fazer parte após a morte de sua mãe, inicialmente causou um conflito entre eles, mas acabou conquistando o respeito dos meninos, que passaram a enxergar nela a figura materna Gato, o galã  do grupo que apaixona-se por uma prostituta ; Boa Vida, era o mais tranquilo e acomodado por isso  ganhou esse apelido ; Sem Pernas ,  é o mais revoltado do por ter sido maltratado por  policiais quando esteve preso, juntos eles enfrentam diversos problemas, mas permanecem unidos.

Apesar de todo o encantamento dessa história, ela aborda como tema principal o problema social do abandono e da exclusão, mostrando como jovens marginalizados sobrevivem na dura realidade da exclusão a qual foram impostos. Tendo a vida como escola e as ruas como lar, passam fome e sofrem preconceitos. O filme reproduz uma triste realidade de muitas crianças brasileiras que sem oportunidades e sem escolhas vivem uma vida sub-humana.
A sociedade é capaz de intervir nessas questões, não se pode deixar que o significado de palavras como humanidade percam o sentido.
  Não podemos ser imparciais diante desta situação, é necessário perceber que nossa falta de atitude nos torna  co-autores desta triste realidade,  pois estes problemas não existem por si só, de alguma forma  participa-se deles, pois mesmo quando ignorados eles continuarão a existir refletindo-se  em cada um.
É imprescindível intervir nessas questões, pois é dever de cada cidadão cumprir com sua  obrigação, tomando atitudes que venham a erradicar este problema. Atualmente  um dos valiosos instrumentos democráticos  que tem -se  para exercer a cidadania é o  voto. 

 É importante que neste ano eleitoral, os cidadãos votem com responsabilidade, procurando escolher de maneira mais consciente e seletiva os seus representantes, pois apesar de toda corrupção que há no país se a população continuar a votar de forma “aleatória” ou elegendo palhaços para administrar o orçamento público, o Brasil continuará a ser: O país da miséria; da desigualdade; da fome e da exclusão social.
Talvez a sociedade brasileira queira fechar os olhos para este problema. Precisa–se entender que abandono não é solidão, essas crianças não estão sós, estão abandonadas e excluídas por um país.
Talentos escondidos, características marcantes faz refletir que estes jovens não estão ali por simples escolha ou incapacidade, mas por serem impostos a esta situação por não terem alternativa.      
O filme é muito interessante e deve ser visto por todos que queiram ver esse problema sob uma perspectiva mais humana e menos imparcial.